quinta-feira, 14 de abril de 2011

Semáforo com endereço IP poderá reduzir engarrafamentos

Este artigo foi publicado em 04/10/2010.
Pesquisadores propõem uso de faróis conectados que, por meio de sensores, perceberiam o fluxo dos carros ao redor.

Aqueles que perdem horas dentro dos carros nas ruas das grandes cidades já podem renovar suas esperanças por um trânsito melhor. Dois cientistas europeus sugerem ter encontrado uma forma de reduzir os congestionamentos por meio de mudanças no modo como os sinais de trânsito operam.

Os pesquisadores – Dirk Helbing, do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça, e Stefan Lämmer, da Universidade de Dresden, na Alemanha – propõem mudanças no modo como os semáforos são temporizados, usando uma combinação de tecnologia de sensores, análise de dados e redes de computadores.

Em vez de coordenar a temporização das luzes ao longo das vias de forma a antecipar o fluxo costumeiro de tráfego, como é feito tradicionalmente, os pesquisadores sugerem deixar que os próprios semáforos decidam quando devem ficar verdes ou vermelhos.

“Em vez de aguardar por um ponto certo no tempo antes de mudar para verde, nós propomos que o semáforo deveria esperar por um número crítico de veículos prontos para passagem. Esse número máximo é determinado pela saturação do fluxo”, explicaram os pesquisadores, em um estudo do Santa Fe Institute.

Tal abordagem poderia reduzir os congestionamentos de 10% a 30%, disseram os pesquisadores.

Padrões comuns
Nas vias de trânsito mais intenso, os semáforos costumam ser temporizados e coordenados por meio de uma abordagem “top-down”. Os engenheiros de trânsito programam a temporização das luzes para antecipar os padrões comuns de tráfego. Múltiplas luzes de tráfego podem ser coordenadas para permitir que um grupo de veículos trafegue pela via sem parar, um efeito que os engenheiros chamam de “onda verde”.

Embora esta abordagem ajude imensamente a aumentar a velocidade dos carros em seus trajetos, os pesquisadores argumentam que ela ainda não leva em conta as variações no tráfego.

O trânsito raramente flui de maneira tão suave como sugerem os modelos de tráfego, afirmam os pesquisadores. Acidentes, ônibus que param em pontos de embarque, motoristas tímidos ou agressivos, e pedestres que atravessam a rua podem distorcer os padrões de tráfego obtidos por meio de modelos.

“Na verdade, os modelos não proporcionam um controle ótimo, porque a situação média nunca ocorre”, disse Helbing à Science News. Como resultado, mesmo com o mais preciso sistema de tráfego da atualidade, os motoristas continuarão a esperar no sinal vermelho, até mesmo em situações em que não há tráfego na via concorrente.

Autonomia
Os pesquisadores querem dar, para cada semáforo, alguma autonomia para escolher quando mudar de cor. Um semáforo poderia ser conectado a sensores que mostrariam o tráfego que chega e o que sai. Com algum processamento interno, o sinal então poderia decidir que via tem mais necessidade de luz verde.

“Em contraste com o controlador de tempo fixo... Os intervalos de sinal verde seriam solicitados apenas quando houvesse demanda definida para ele”, escreveram os pesquisadores. “O tempo do ciclo não é fixo, e o serviço não é necessariamente periódico.”

Pelo menos um grande fornecedor de tecnologia – a IBM – enxerga uma oportunidade de mercado em sistemas mais avançados de gerenciamento de tráfego.

A IBM Research vem desenvolvendo um sistema de previsão de tráfego urbano, chamado Traffic Prediction Tool (TPT). O sistema, que tem sido testado em diversas cidades, como Cingapura, pode receber dados de vários sensores na via e, por meio de um modelo de fluxo de tráfego para cada cidade, mostra não apenas onde estão os congestionamentos em tempo real, mas prevêem onde os engarrafamentos poderão ocorrer.

Com este conhecimento, os órgãos de engenharia de tráfego podem fazer ajustes no trânsito, por meio de sinais na via que sugerem rotas alternativas.

Dados recentes

“Nós calibramos um conjunto de modelos com os dados mais recentes, e esses modelos são aplicados à alimentação de dados em tempo real”, disse a pesquisadora Laura Wynter, da IBM, que trabalha no sistema.

Embora a proposta do Santa Fe Institute seja dar autonomia aos semáforos para tomar decisões, os pesquisadores admitem que uma autonomia total para cada semáforo poderia produzir o caos no fluxo total do trânsito. Os semáforos ainda precisam de alguma supervisão externa, dizem. Eles propõem um método de controle dinâmico sob o qual cada semáforo poderia levar em conta os padrões de trânsito dos semáforos vizinhos e, juntos, poderiam produzir um fluxo de tráfego mais eficiente.

“De fato, para obter a ‘onda verde’ ideal em uma rede de tráfego sinalizado, é necessário ter previsões do trânsito que se aproxima dos sinais”, disse Wynter, sobre o estudo.

IDG News Service/Nova York
01-10-2010
(Joab Jackson)

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